Brightburn – Filho das Trevas

Brightburn – Filho das Trevas

6 de maio de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

O que vemos aqui se trata de um longa que mistura o subgênero de heróis ao terror, uma mistura atraente e que usando dos artifícios corretos pode resultar em algo muito eficiente. E o que vemos em Brightburn funciona, em partes, usando como base narrativa a origem de um dos heróis mais populares, inspiração essa que às vezes excede o limite.

Deixando claro toda sua trama em sua breve sinopse, a direção não perde tempo nos apresentando a origem do personagem, pois é algo muito presente na cabeça do espectador, pois em momento algum o longa mascara sua inspiração/cópia na história do Superman, então não haveria sentido em recontar a mesma.

Com isso a direção usa da fase mais confusa do personagem para desenvolver a trama, sua adolescência, onde a descoberta dos poderes alude à puberdade do jovem Brandon (Jackson A. Dunn), assim como a rebeldia e ódio por quase todos à sua volta, incluindo os pais, Tori (Elizabeth Banks), a mãe que não enxerga os problemas do filho ou prefere não acreditar, e o pai Kyle (David Denman), que funciona quase como àquele que da voz ao espectador, ambos relativamente bem em seus respectivos personagens.

Então tendo estabelecido o caminho que a trama irá seguir, a direção trabalha o suspense a partir das consequências de tal mudança na vida do jovem, com momentos que vão da tensão ao gore, antecipando para o espectador a mudança no pensamento de Brandon, o que cria vários momentos onde a tensão domina a narrativa.

Porém em alguns momentos a direção usa de artifícios que soam como muletas, como planos quase idênticos ao de “O Homem de Aço (2013), e uma trilha sonora extremamente semelhante, usando da memória afetiva do espectador em benefício próprio, afim de criar uma quebra da expectativa que por fim não faz sentido, já que estamos diante de um filme de terror e não uma sequência do filme do herói.

O longa ainda consegue entregar bons momentos de tensão, especialmente quando a direção situa o espectador das intenções reais de Brandon, como quando ele visita a casa da tia, Merilee (Meredith Hagner), a sequência insinua que a qualquer momento o pior pode acontecer, porém é quando o espectador menos espera que temos algo de fato, já em outra cena, bem longe dali.

Mas mesmo com de bons momentos, como o citado à pouco, e usando elementos de terror, o longa oscila, acertando nos momentos de gore mas pecando nos momentos de tensão, especificamente na maneira como conclui as sequências, quase sempre de maneira abrupta.

Ciente do baixo orçamento, 6 milhões de dólares, que para um longa de terror é suficiente mas para o subgênero de herói é minúsculo, a direção tenta mascarar o fraco CGI com cortes rápidos e sequências que são finalizadas fora do campo de visão do espectador, mas a partir do momento em que a direção dita o caminho que o longa irá seguir, o gore, cenas assim não agradam e acabam soando como interrompidas, escondendo exatamente aquilo que o espectador quer ver.

Brightburn tenta fugir à regra, saindo um pouco da mesmice, com uma trama que passeia entre dois dos gêneros mais populares do momento, e mesmo com problemas em ambas as partes o longa ainda entrega algo satisfatório e que garante bons momentos de tensão e agonia.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Brightburn – Filho das Trevas

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️

Direção: David Yarovesky

Elenco: Elizabeth Banks, David Denman, Matt L. Jones, Meredith Hagner, Jennifer Holland, Jackson A. Dunn

Duração: 1h 30m

Roteiro: Brian Gunn, Mark Gunn

Fotografia: Michael Dallatorre

Trilha sonora: Tim Williams

Ano: 2019