No Ritmo do Coração

No Ritmo do Coração

28 de março de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Com uma temática adolescente, o longa em questão se diverge da maioria graças a maneira como desenvolve sua trama, partindo da premissa da família que devido à sua deficiência, encontra sua própria maneira de enfrentar o mundo, tendo como intercessora a filha mais nova e a única a não herdar o problema de audição dos pais, cabe a ela encontrar o equilíbrio entre sua família e sua vida.

O longa tem uma narrativa dinâmica, que flui de maneira agradável, sempre girando em torno da protagonista Ruby (Emilia Jones), seguindo o caminho menos óbvio e colocando Ruby como a excluída da família, onde por não entenderem o lado da filha menosprezam suas escolhas, algo comum também em famílias convencionais.

A trama lida com assuntos como preconceito e puberdade, sendo a primeira opção tratada de maneira mais superficial, talvez uma escolha da direção para não tornar pesado o clima leve de uma narrativa que beira o musical, sendo assim o que domina a trama são os problemas de amadurecimento enfrentados por Ruby.

Com isso o longa se dedica mais aos problemas familiares, e na dependência que todos criaram por Ruby, onde devido ao preconceito sofrido por eles se fecham em seu mundo, por todos que estão em sua volta serem iguais, preconceituosos. Com isso a direção chama atenção para o efeito causado nas vítimas de preconceito, às tornando menos sociais e excluídas, justamente por saberem da maldade do mundo.

Uma das coisas que não fluem naturalmente e que com isso seria totalmente descartável é o romance entre Ruby e Miles (Ferdia Walsh-Peelo), provando que a protagonista apesar de carismática não tem os atributos necessários para sustentar um roteiro nas costas, tampouco com a ajuda de Miles e sua total falta de expressão.

Talvez se o diretor se dedicasse apenas a Ruby o resultado seria melhor, pois todo potencial estava no arco dramático da personagem e sua relação com a família. E é na família que temos uma das melhores performances do longa, além de Ruby e o professor, temos outro personagem que merecia mais atenção, o pai, vivido de maneira incrível pelo ator Troy Kotsur, que vale lembrar é surdo na vida real, assim como a mãe (Marlee Matlin) e o irmão (Daniel Durant), mas é o pai o principal responsável por todo o lado cômico do longa, garantindo momentos hilários.

O longa trata acima de tudo de Independencia, seja de Ruby ou dos pais, onde se eles não libertam a filha por criarem uma dependência, sendo ela a ponte entre eles e o mundo, a mesma também exita em aceitar as oportunidades de sair de casa por medo do que viria a seguir, ambos traumatizados pela vida, percebem que esse passo que irá separa-los precisa ser dado juntos, e que o amor será a ponte que irá manter essa ligação.

Contando com momentos cômicos, tristes e necessários, o principal alerta do longa, que é explanado em tela e reflete com clareza o mundo real é a inclusão, seja na sociedade que por preconceito ou falta de conhecimento exclui pessoas com deficiência, ou até mesmo na indústria, onde pouco se vê nas produções de Hollywood atores com algum tipo de limitação, e que geralmente são colocados como culpados quando na verdade o que falta são oportunidades, seja em filmes ou na vida real, “Eles que aprendam a lidar com surdos!.”

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: No Ritmo do Coração

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️

Direção: Sian Heder

Elenco: Daniel Durant, Marlee Matlin, Troy Kotsur, e Emilia Jones

Duração: 1h 51m

Roteiro: Sian Heder

Fotografia: Paula Huidobro

Trilha sonora: Marius De Vries

Ano: 2021