Infiltrado

Infiltrado

24 de março de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Ao nos depararmos com um longa típico de ação, o pensamento que vem à cabeça é, ‘porrada, correria é só!’. Diante de um gênero extremamente desgastado devido à demanda, é difícil surgir algo que realmente surpreenda e siga o caminho menos óbvio, e somado a isso, temos o nome de Jason Statham, uma grande incógnita, pois apesar de se destacar no gênero o nome do ator vem ligado a altos e baixos no decorrer de sua carreira.

Ciente de um espectador que já espera pelo clichê, a direção segue à risca esse caminho levando o espectador a pensar estar presenciando um longa que irá entregar mais do mesmo. Porém a trilha sonora, e o modo como o diretor Guy Ritchie apresenta a premissa, conduzindo a trama de maneira atraente e dando a entender que o longa vai além da superfície, prende a atenção do espectador de imediato.

Jason statham apesar de muito carismático, aqui da vida a um personagem frio e inexpressivo, porém essa falta de expressão, como é revelado mais à frente, é uma característica do personagem e não preguiça por parte do ator. A direção busca colocar o protagonista sempre distante dos demais, seja em planos abertos ou mais próximos, referenciando a solidão do personagem. E ainda sim Statham consegue arrancar uma ou duas risadas do público, mas fica por ai, pois a trama em questão segue um ritmo mais tenso, deixando pouco espaço para piadas, algo costumeiramente ligado ao ator.

No decorrer do longa, além da trama bem desenvolvida, é através da montagem que a direção atrai o espectador, a trama pontuada por títulos que antecedem uma subtrama, traz uma dinâmica atraente para o longa e com isso a direção de Ritchie emprega o ritmo narrativo, episódico, e não linear, espalhando as peças de um quebra-cabeça no primeiro e segundo ato, sendo cada um desses momentos um ponto de virada na trama seguido de um plot.

As cenas de ação são incríveis e sem a glamourização que tornam as mesmas inverossímeis, como uma coreografia muito extensa ou com diálogos intrínsecos. Isso soma a frieza e implacabilidade do personagem, que sem perspectiva não permite que nada o tire do foco.

Diferente dos demais, no longa em questão não existe mocinhos ou bandidos, somos apresentados a duas gangues, onde a direção desenvolve, ao menos parcialmente, cada um deles, dando um pouco de profundidade aos personagens, não fazendo deles apenas um alvo para o “mocinho” que acompanhamos mais de perto.

A trilha sonora tem papel fundamental para trazer a emergência buscada pelo longa, ele é constante, se fazendo mais presente nos momentos oportunos, enfatizando determinado acontecimento ou embalando as sequências de ação.

Infiltrado tinha tudo para ser mais do mesmo, algo que aconteceria se o roteiro caísse em mãos pouco inspiradas, pois o mesmo pode até não trazer novidades, mas graças a direção eficiente de Guy Ritchie o resultado final foge à fórmula batida e entrega algo muito satisfatório, talvez porque o mesmo também assine o roteiro, isso faz muita diferença.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Infiltrado

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️

Direção: Guy Ritchie

Elenco: Jason Statham, Holt McCallany, Rocci Williams, Josh Hartnett, Jeffrey Donovan, Scott Eastwood, Andy García

Duração: 1h 58m

Roteiro: Marn Davies, Guy Ritchie

Fotografia: Alan Stewart

Trilha sonora: Christopher Benstead

Ano: 2021