O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface

O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface

21 de fevereiro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Com o intuito de replicar o sucesso satisfatório obtido por Halloween (2018), a Netflix anuncia uma sequência de O Massacre da Serra Elétrica, se ligando diretamente aos acontecimentos de 1974 ano do longa original, mesmo princípio usado em Halloween. Mas para um longa que se liga diretamente à um clássico funcionar, é preciso uma base sólida, e mais do que isso, um roteiro à altura.

Com uma premissa atraente, e a princípio mostrando que iria além da superfície, “O Retorno de Letherface” prende a atenção do espectador, ao menos nos primeiros quinze minutos, porque se as interpretações se mostravam rasas na primeira meia hora de filme, após isso o que vemos em tela passa a ter como única função irritar o espectador, e não falo apenas das interpretações.

A direção ainda se esforça para extrair algo razoável do longa, e por alguns momentos até consegue, a sequência onde o vilão se rebela é tensa e consegue causar a apreensão necessária, para logo após isso chocar através da violência gráfica e consequentemente deixando clara a natureza psicótica e letal do vilão.

Se tratando de uma sequência o longa ao menos deveria ter mais semelhanças com o original, mas tirando a fotografia, que através de tons pastel consegue replicar com veracidade o clima tropical do Texas, nos remetendo diretamente ao clima ensolarado e quente do longa original, e o próprio Letherface, o longa em nada representa o ótimo filme de 1974.

Se antes também tínhamos um roteiro simples, ao menos era melhor desenvolvido, nos apresentando aos personagens e criando um vínculo entre espectador e personagem, e a falta de informações a respeito do vilão era algo que enaltecia o mesmo. Aqui o roteiro raso sequer se estabelece, insinua um desenvolvimento dos personagens porém desisti antes de concluir, seja matando uma personagem que a princípio parecia ter importância na trama, ou incluindo flashbacks sobre o trauma de determinada personagem para iludir o espectador, pois tudo aquilo não resulta em nada, apenas serve para preencher lacunas de uma trama vazia e uma narrativa fragmentada.

Os personagens são tão genéricos e inexpressivos, que em determinado momento diante da agonia de um colega a garota sequer solta o guarda-chuva, ou esboça uma reação adequada ao momento. Nos levando à seguinte conclusão, o que difere o elenco principal dos figurantes, que tem como única função tornar possível o banho de sangue no ônibus, é colocá-los diante de diferentes cenários e situações, seja referenciando o clássico ou apresentando algo novo, são apenas vítimas em potencial sem o menor peso dramático mas com o nome nos créditos.

Outro detalhe que vale ressaltar é a duração do longa, 83 minutos, que nas mãos certas poderiam ser muito melhor utilizados, com uma trama envolvente e enxuta, focando nos fatos, porém quando o resultado final é medíocre até mesmo algo com a duração de um episódio de uma série se torna uma eternidade, e uma tortura para quem acompanha, pois a cada sequência vemos algo mais, ridículo, essa é a palavra.

Ainda na tentativa de se comparar com Halloween, o longa trás de volta a única sobrevivente do massacre de 74, tornando-a uma cópia descarada de Laurie Strode (Jamie Lee), porém sem um terço do arco dramático da mesma, e não tirando todo o mérito da atriz Olwen Fouéré, que faz o que pode para tornar os atos imaturos de uma envelhecida porém nada experiente Sally Hardesty, o mais próximo da realidade possível, porém o roteiro não permite, fazendo a personagem morrer de maneira ridícula, após uma atitude ainda mais ridícula e sem o menor sentido, desrespeitando completamente o passado da personagem.

O longa ainda tenta se fazer um remake atualizado, incluindo piadas atuais como a sequência no ônibus, onde pessoas pegam o celular ao invés de fugir, acertando na alusão à realidade, onde em meio ao risco de si mesmo ou do próximo as pessoas preferem filmar ao invés de ajudar. Mas em meio à todo o caos que foi a trama, um ponto ou outro positivo em nada acrescentam ao resultado final, tornando o longa algo completamente descartável.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface

Avaliação: ⭐️⭐️

Direção: David Blue Garcia

Elenco: Sarah Yarkin, Olwen Fouéré, Elsie Kate Fisher, Jacob Latimore

Duração: 1h 21m

Roteiro: Chris Thomas Devlin

Fotografia: Ricardo Diaz

Trilha sonora: Colin Stetson

Ano: 2022