O Homem Invisível

O Homem Invisível

3 de janeiro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

É incrível como tudo em O Homem Invisível se encaixa, inclusive o título, onde é possível fazer um paralelo ao tema central do longa, relacionamento abusivo, onde o homem é sempre o correto, e suas ações exemplares, e quando a mulher procura ajuda parece estar acusando um “homem invisível”.

O longa deixa claro o seu ritmo narrativo logo no início, em uma cena tão maravilhosa quanto tensa, e se antes do marido Adrian (Oliver Jackson-Cohen), se levantar ficou alguma dúvida sobre o motivo da fulga noturna de Cecília (Elisabeth Moss), o final da sequência trata de esclarecer.

Após isso o espectador é informado sobre o falecimento de Adrian, supostamente a liberdade de Cecília, que através de uma interpretação incrível de Moss consegue passar todo o desespero que era sua vida, onde antes de receber a notícia seu tom de voz reprimido, revela o medo e o abuso sofrido por ela, após isso sua voz é liberta e é possível até vê-la esboçar um sorriso.

O longa é quase uma atualização, uma releitura de versões anteriores com o mesmo título. Porém o diretor Leigh Whannell vai além, tornando a habilidade de se tornar invisível algo mais crível para o mundo moderno, porém não menos assustadora, como nas cenas onde o traje falha parcialmente, e é possível ver um vulto preto atacando os personagens, seguidos por uma trilha sonora que exalta toda a tensão em tela.

A mesma atualização acontece com a trama, antes apenas um filmes de suspense, aqui, um drama com toques magistrais de suspense, e tendo como base narrativa um relacionamento abusivo. E esses toques incríveis de suspense acontecem pontualmente, como na cena em que a direção revela antecipadamente para o espectador a presença real de Adrian, através apenas da fumaça exalada na respiração fora do campo de visão de Cecília, isso traz para a cena uma tensão constante e única, culminando em cena apavorante envolvendo um cobertor e uma cadeira.

A fotografia também acerta usando das sombras e deixando sempre uma espaço vago em tela, insinuando uma presença naquele ambiente. Mas se a tensão durante o longa é constante o mérito não é apenas das cenas específicas, mas do longa como um todo, que conta com alguns pontos de virada de cair o queixo.

Isso porque cada momento tenso, ou desesperador gerados pelo longa refletem diretamente os sentimentos de Cecília, tornando o longa como um todo, uma grande viagem sob o olhar da personagem, levando o espectador a ver de perto todo o desespero da mesma, onde no caso dela o medo é elevado pelo fato do abusador ser invisível.

Outro ponto que a direção usa para aludir às mulheres que mesmo à distância, sentem que estão aprisionadas ou sendo observadas o tempo todo, agindo com medo e se preocupando com cada ato, com medo das possíveis consequências.

Com isso é possível dizer, que além de extremamente eficiente como um suspense, o longa usa do drama para fazer um alerta de como é desesperadora a vida de uma mulher sob tais circunstâncias, e se como espectador já é tenso e desesperador acompanhar aqueles fatos, imagina como é viver aquilo todos os dias e assim como a personagem ser desacreditada.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: O Homem Invisível

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️

Direção: Leigh Whannell

Elenco: Elisabeth Moss; Aldis Hodge; Storm Reid; Harriet Dyer; Michael Dorman; Oliver Jackson-Cohen

Duração: 2h 5m

Roteiro: Leigh Whannell

Fotografia: Stefan Duscio

Trilha sonora: Benjamin Wallfisch

Ano: 2020