Annabelle 2: A Criação do Mal
De inúmeros derivados do universo Invocação, talvez Annabelle 2 seja o maior acerto, usando muito bem todos os artifícios que tem à disposição sobre o que permeia a boneca amaldiçoada, a direção desenvolve uma trama envolvente e bem elaborada, sem esquecer é claro de causar aquele arrepio na espinha.
Com uma premissa chocante, o longa nos apresenta a real origem da boneca, o amor dos Higgins por sua filha, e através do acidente envolvendo a pequena Annabelle (Samara Lee), onde em um plano fechado no brinquedo da menina a direção alude às consequências do acidente, e ao mesmo tempo da indícios de como irá conduzir a trama.
Os elementos do terror são apresentados gradativamente, de acordo com as atitudes das personagens. Com a isso a direção aproveita para criar o suspense em torno da casa, e dos pais da pequena Bee, sendo esse um dos maiores diferenciais para os demais filmes da boneca, que entregam o susto pelo susto.
A fotografia envolta por sombras colabora com a ambientação sombria, dando a entender que algo fora da realidade está presente, através disso a direção apenas com um movimento de câmera se faz suficiente para deixar o espectador com os nervos a flor da pele.
Isso tudo, mérito óbvio da direção, procurando sempre deixar um espaço livre no enquadramento afim de trabalhar algo fora de plano, trabalhando o suspense e o terror psicológico, fazendo muitas vezes o espectador antecipar o medo criando algo em sua própria mente.
A criatura demoníaca por trás da boneca marca presença mais uma vez, porém aqui é bem utilizada, onde a direção usa de maneira inteligente apenas o terror visual, colocando a mesma sempre oculta pelas sombras, algo mais válido e que fortalece a trama, pois quando o longa exibe apenas aqueles olhos brilhando no escuro o arrepio dos pés a cabeça atinge a todos, tendo muito mais efeito que algo pulando de maneira abrupta na tela.
O elenco apesar de jovem é extremamente eficiente, todos cumprem bem seus papéis, mas o destaque fica para Janice (Talitha Bateman) e Linda (Lulu Wilson), que esbanjam carisma e talento, sendo Talitha a ocupar o lugar de maior destaque, graças a sua alternância de personalidade, indo da menina meiga à uma criatura que assusta apenas com o olhar.
Assim o longa prova que um bom roteiro faz a diferença, mas a maneira como a trama é conduzida pode fazer um filme de terror ser ainda melhor, evitando clichês e sustos aleatórios para se fazer “assustador”, e trabalhando mais com a ambientação do mesmo, focando mais no suspense de maneira correta, usando a mente do espectador a favor da trama, deixando assim a narrativa o mais tensa possível.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: Annabelle 2: A Criação do Mal
Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
Direção: David F. Sandberg
Elenco: Stephanie Sigman; Talitha Bateman; Lulu Wilson; Anthony LaPaglia; Miranda Otto
Duração: 1h 49m
Roteiro: Gary Dauberman
Fotografia: Maxime Alexandre
Trilha sonora: Banjamin Wallfisch
Ano: 2017