Annabelle (2014)

Annabelle (2014)

15 de dezembro de 2021 0 Por Filipe R. Bichoff

Dar seguimento ao universo criado por James Wan em Invocação do Mal, se tornou o maior trunfo da Warner, porém um detalhe que eles esquecem é a mente por traz do sucesso, então após a breve passagem da boneca em questão por Invocação do Mal (2013), o estúdio viu na comoção causada pela boneca, a chance de expandir a franquia, onde o maior desafio seria manter a qualidade.

O longa conta com uma premissa interessante, envolvendo grupos de adoração ao oculto, com direito à referências a Charles Manson, uma clara tentativa de trazer ao longa um tom mais sério e assustador. A cena em que conhecemos a possível origem da boneca, onde a jovem Annabelle Higgins (Tree O’toole), assassina os pais, podemos dizer ser uma das melhores sequências do longa, o jogo de percepção entre personagem e espectador, cria o clima de tensão e urgência necessários para o construção da cena.

Após isso o longa cai na monotonia, a narrativa se arrasta, e na tentativa de preencher uma trama vazia a direção foca em planos sem a menor função narrativa, servindo quase como ilustração, com planos detalhe da boneca imóvel e o zumbido grave de fundo para sinalizar a presença de algo.

Na tentativa falha de tentar trazer à trama um clima tenso, e um suspense que represente a presença de algo maligno, o diretor brinca, e engana o espectador, criando uma aura de mistério em torno de algo que não acontece, fica apenas na promessa, como na sequência do padre no carro, sendo esse apenas um dentre vários outros momentos durante o longa, a direção da a entender a todo momento que teremos um acidente de carro, com planos que enfatizam a boneca, o rádio que se desregula, e nada acontece.

Porém a maior trapaça do longa é a personagem Evelyn (Alfre Woodard), a direção faz questão de envolver a personagem em um mistério absoluto, fazendo com que ela tenha constantemente atitudes suspeitas, como se estivesse tramando algo contra a protagonista, e isso se estende até a cena final da personagem, onde descobrimos sua real função, facilitar o roteiro, tirando todo o peso dos acontecimentos em torno de Mia (Annabelle Wallis).

No elenco o destaque fica para a protagonista (Wallis), já que seu marido ausente, nas vezes que está presente é tão profundo quanto uma porta, resumindo seu personagem a um zero a esquerda. O roteiro fraco precisa constantemente de muletas, os famigerados jump scares, para se fazer temível, pois sem os mesmos o longa não causaria emoção alguma em quem assiste, sendo que toda sequência que vemos no longa, em sua maioria ilusões, culminam em um susto barato seguido por um acorde acima do tom da trilha sonora.

A criatura demoníaca por trás da boneca até tem potencial, porém é extremamente mal utilizada. Vale destacar a cena do sub solo, que em partes é bem construída e apavorante, porém na cena seguinte ela se encerra com um jump scare literalmente na cara do espectador, toda aquela construção perde o valor, quando o intuito passa a ser o susto pelo susto, e só.

O longa carece também de uma boa trilha sonora, sendo o único som presente, um zumbido grave que paira sobre a boneca, sendo até funcional em alguns momentos, porém perde o valor quando passa a ser usado repetidas vezes sem muito sentido.

Enfim, em Annabelle o diretor John R. Leonetti parece nem se esforçar para fugir da mesmice, muito pelo contrário, faz questão de enfatizar momentos clichês que não levam a nada, resumindo o longa em uma sucessão de promessas não cumpridas, onde quase todo o longa se resume a ilusões, e sustos repetitivos.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Annabelle

Avaliação: ⭐️⭐️

Direção: John R. Leonetti

Elenco: Annabelle Wallis; Ward Horton; Alfre Woodard

Duração: 1h 39m

Roteiro: Gary Dauberman

Fotografia: James Kniest

Trilha sonora: Joseph Bishara

Ano: 2014