Jogos Mortais X

Jogos Mortais X

22 de outubro de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

É de se admirar o que os estúdios fizeram com Jogos Mortais, e digo admirar não pela qualidade, pois em sua maioria são questionáveis, mas sim por usarem da simples ideia que James Wan teve em 2004, para criarem um emaranhado de filmes que se arrastam ao longo de dez episódios. E quando parece não ter mais para onde ir, cria-se uma brecha aleatória entre dois filmes, sem qualquer sentido ou objetivo. 

Mas, ainda assim é preciso admitir, que mesmo não sendo um exemplar do gênero, ou até mesmo um destaque na franquia, Jogos Mortais X é o mais autossuficiente, isso desde o primeiro episódio em 2004, que se destacava acima de tudo por sua originalidade, e uma direção confiante, e tal ideia deu tão certo que ao longo dos anos o que vimos foram inúmeras tentativas de manter aquele sucesso e o interesse popular, com isso, lançar um filme por ano se tornou regra, independente do roteiro.  

O que nos leva a direção do filme em questão, Kevin Greutert, que aparentemente tem ciência, clara e simples, de seu objetivo, que é justamente tentar não cair no erro de seus antecessores, que visavam tudo, menos originalidade, dando a entender que a meta era uma só, tentar ao máximo emular o estilo de Wan, isso de forma gratuita, com um texto que muitas vezes se quer fazia sentido ou tinha coesão, mas o que importava era a parte gráfica, filmada da mesma forma que o longa de 2004. 

Com isso a premissa de Jogos Mortais X passa a ter sentido, se voltando para John Kramer (Tobin Bell), mesmo que de forma superficial, mas sendo suficiente para o longa tentar ser o que nem mesmo o capitulo que levava o nome do protagonista, Jigsaw (2017), foi, que é ter uma trama voltada para o personagem principal, tendo assim uma base narrativa clara e objetiva não se preocupando apenas em como será a próxima armadilha, pelo contrário, aqui isso tem metade da atenção que tínhamos nos antecessores.  

E isso se estende até mesmo para as vítimas, que perdem a aleatoriedade vazia de antes, passando a ter o mínimo de sentido, e mesmo que ainda assim não justifiquem as atitudes do protagonista, ao menos passam a ser mais intimamente ligadas ao mesmo, revelando um texto minimamente coeso, preocupado em fazer os acontecimentos fazerem sentido e ter um leve peso dramático.  

O horror gráfico é outro detalhe a ser considerado, um artifício sempre presente na franquia, porém agora sem os surtos da montagem, que conforme o tempo se esgotava era quase impossível acompanhar o que estava em tela, voltando ao ponto da imitação de Wan, totalmente aleatória. Aqui apesar da parte gráfica ser colocada em menor escala, a direção acaba nos levando aos detalhes das mutilações, tornando tudo ainda mais repulsivo, justamente por levar o público a acompanhar em detalhes.  

Olhando de longe, a trama de Jogos Mortais X segue o padrão, porém quando visto de perto o longa tenta o caminho menos utilizado, e faz isso através de um texto mediano, mas que de forma semelhante ao original é sustentado por uma direção consciente, que faz aquele amontoado de mutilações funcionar, seja na parte meramente gráfica, ou na trama minimamente embasada, com um arco dramático que conecte os fatos.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Jogos Mortais X

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 6,0

Direção: Kevin Greutert

Elenco: Tobin Bell, Shawnee Smith, Synnøve Macody Lund, Steven Brand, Renata Vaca, Octavio Hinojosa, Joshua Okamoto, Paulette Hernandez, Michael Beach, Costas Mandylor

Duração: 1h 58m

Roteiro: Josh Stolberg, Pete Goldfinger

Fotografia: Nick Matthews

Trilha sonora: Charlie Clouser

Ano: 2023