Nosso Sonho: A História de Claudinho e Buchecha

Nosso Sonho: A História de Claudinho e Buchecha

24 de setembro de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Um retrato histórico, partindo disso é possível analisar o quão bem sucedida e a narrativa de um longa, pois é através disso que podemos ver o poder do longa em transportar o público para determinada época. Claro a trilha sonora tem papel fundamental nisso, porém os demais componentes tem de estar em comum acordo, e se tratando de uma cinebiografia tem muito mais a se levar em consideração, fidedignidade por exemplo. 

E essa viagem no tempo é extremamente funcional, sendo talvez um dos principais acertos do longa. Toda alegria e musicalidade dos anos 90 saltam à tela, e com isso o ascensão do funk em que Claudinho e Buchecha tiveram grande participação. Infelizmente, ou felizmente, depende do ponto de vista, o longa dialoga diretamente com um publico especifico, isso antes da fama, me refiro aos periféricos que assim como os protagonistas cresceram em meio a ronda policial e os bailes de funk, que atingiam todas as idades, o que acaba determinando como o longa irá reverberar no espectador.  

Um detalhe que vem a ser construído desde a premissa, que acerta em visar a origem dos personagens na infância, uma pena o texto dedicar tão pouco tempo a essa fase dos personagens pois traria ainda mais peso ao arco dramático dos mesmos, e profundidade à trama que basicamente só conta com os dois protagonistas em questão de desenvolvimento da trama. Deixando de lado a oportunidade de explorar ainda mais o universo dos garotos, seja na relação com o pai, ou as dificuldades enfrentadas pela mãe.  

Isso se da pois na tentativa de fazer acontecer, e fazer logo, a direção se equivoca com a passagem de tempo tornando a mesma problemtica, muito abrupta, deixando passar o oportunidade de se aprofundar em questões importantes como a vivencia dos personagens em meio a comunidade, dentro e fora de casa. O que acaba por tornar rasa relação pai e filho, que só não é totalmente perdida devido ao talento dos atores em convencer sobre tal situação, seja do jovem Juan Paiva ou do experiente Nando Cunha.

O que nos leva a outro tropeço por parte da direção, a vontade em evidenciar a amizade e a ligação entre os protagonistas, que funciona, porém com exceção dos mesmos os demais personagens são totalmente unilaterais, até mesmo a mãe e a tia que tiveram grande importância na vida de Buchecha se resumem a diálogos rasos, os demais á frases feitas.  

Mas quando o longa se volta aos protagonistas é que se revelam os melhores momentos, não por nada genial, mais sim o trabalho dos atores, o Claudinho de Lucas Penteado reluz, e além de transmitir veracidade em relação a amizade entre eles colaboram com a magia dos bailes funk dos anos 90 e 2000, a começar pelo descarte do lip sync, um detalhe que faz muita diferença, os atores cantarem realmente, mostrando ao risível Bohemian Rhapsody como se faz. 

O longa pode falhar em partes na construção do arco dramática principal, causados pela falta de atenção, porem por outro lado o carisma dos personagens torna o teor cômico o destaque, assim como acerta ao mergulhar não apenas na origem dos protagonistas mas também nas origens do funk, levando aquele público especifico de volta àquela época ou lugar, embalados por melodias que dispensam comentários.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Nosso Sonho: A História de Claudinho e Buchecha

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 6,0

Direção: Eduardo Albergaria

Elenco: Juan Paiva, Lucas ‘Koka’ Penteado, Gustavo Coelho, Isabela Garcia, Nando Cunha, Clara Moneke, Boca de 09, Tatiana Tibur

Duração: 1h 57m

Roteiro: Eduardo Albergaria

Fotografia: João Atala

Trilha sonora: Plínio Profeta

Ano: 2023