A Pequena Sereia

A Pequena Sereia

10 de setembro de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Apesar de um remake ter um determinado material como base, é necessário algumas mudanças em relação a forma, especificamente se tratando de algo advindo de uma animação, a transição para algo realista deve se atentar para não perder o fator principal das animações, o encanto, e tendo em vista as últimas adaptações da Disney, confesso ter ficado receoso em relação a Pequena Sereia, e seus parceiros do fundo do mar. 

Tendo como base a trama conhecida, a busca do longa passa a ser pelo encanto, assim o primeiro mergulho no fundo do mar requer certas relevâncias, porém depois alguns minutos aquele universo colorido começa a fazer efeito e seus elementos a ganhar forma, deixando claro que o tom escolhido pelo longa é aquele mesmo, um realismo que se mistura com algo pouco mais superficial.  

Mas, tal encanto se da por completo quando enfim Ariel (Halle Bailey), solta a voz, expondo um dos principais motivos da escolha da atriz para o papel, sua voz encantadora é capaz de levar o público ao êxtase, não que sua performance fique muito atrás, mas em relação ao encantamento buscado pelo longa, sua voz tem papel crucial.    

O que vinha fazendo as adaptações recentes da Disney rasas e monótonas era a aposta do estúdio no super realismo dos animais, destaque para O Rei Leão (2019), que mais parecia um documentário do Discovery. Então finalmente isso é superado, de forma completa? Não! Porém o suficiente para A Pequena Sereia trazer o mínimo de encanto, e isso é atingido através das performances por traz dos personagens, e parcialmente na aparência, menos contidas e mais carismáticas, revelando um texto com boas piadas.  

Quando o longa volta suas atenções ao grande desafio, ou melhor, para a falta de um grande desafio, são os momentos em aquele encanto momentâneo é deixado de lado, pois talvez por receio o texto não aprofunda a problemática, que é facilmente superada, uma pena, pois era o arco que envolvia o personagem do incrível Javier Bardem, o Rei Tritão, limitado a um ou outro diálogo, juntamente com os demais personagens que pouco ou quase nada acrescentam a trama, com excessão claro de Ariel, Eric, Sebastian e Linguado. A Ursula (McCarthy), apesar de visualmente incrível também se encaixa no que disse anteriormente.

Logo, essa falta de ousadia por parte do texto reflete na trama, que apenas se alonga para cruzar os 120 minutos de duração, por sorte isso é pouco sentido na narrativa, pois em paralelo a isso a fotografia segue firme no fator principal, o encanto, o que revela um longa visualmente lindo, seja nas sequencias subaquáticas ou na superfície.  

Mas dentre tantos desafios, incluindo apagar a ultimas experiencias com adaptações da Disney, o diretor é feliz ao voltar as atenções para o que realmente importa em um adaptação como essa, o encantamento. Com detalhes que vão desde o visual de Ariel as canções, que como um todo completam esse encanto, deixando por fim um grande desafio, tirar “Under the Sea” da cabeça.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: A Pequena Sereia

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 5,0

Direção: Rob Marshall

Elenco: Halle Bailey, Jonah Hauer-King, Melissa McCarthy, Javier Bardem, Noma Dumezweni, Art Malik, Daveed Diggs, Jacob Tremblay, Awkwafina, Jessica Alexander

Duração: 2h 15m

Roteiro: David Magee

Fotografia: Dion Beebe

Trilha sonora: Alan Menken

Ano: 2023