O Pior Vizinho do Mundo

O Pior Vizinho do Mundo

1 de maio de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

A dor do luto é algo realmente subjetivo, alguns lidam com mais facilidade voltando para suas rotinas quase que no dia seguinte, já para outros é um lugar sofrido e difícil de sair, podendo acarretar problemas ainda maiores como uma possível depressão. E é nessa fase que o protagonista Otto se encontra, a perca de seu grande amor o levou a desistir da vida, literalmente, e ser um homem amargurado que não vê necessidade em socializar.

Logo nos primeiros minutos o longa já nos apresenta seu protagonista, em uma sequência em que o teor cômico revela parcialmente o que virá a seguir, dando a entender qual será o caminho seguido pelo longa, isso tudo sem revelar muito sobre o protagonista Otto (Hanks), e quais as motivações de sua amargura. Esse é um detalhe que a direção sabiamente vai revelando aos poucos ao espectador, em doses homeopáticas, preenchendo lacunas e desenvolvendo o personagem. 

Mesmo contando com um elenco numeroso a direção distribuí bem o tempo de tela de cada um, e a química entre os mesmos e o protagonista flui de maneira natural e eficiente, e isso serve até mesmo para as piadas, em que todos tem seu momento. Um ponto positivo para o longa, pois geralmente é fácil ter um desiquilíbrio no tempo de cada personagem restando aos mesmos piadas sem graça. 

E é interessante notar que até mesmo o casal jovem é funcional, sendo possível enxergar Hanks no jovem ator. Isso mesmo com pouco espaço, pois os mesmo são vistos apenas nos flashbacks, talvez seja pela atenão da direção aos detalhes como trejeitos ou a química incrível entre os personagens.  

Apesar da base narrativa ser o luto, o longa ainda consegue espaço para discussão sobre assuntos muito pertinentes como, o convívio de estrangeiros em solo americano e seus desafios, acessibilidade, no caso de cadeirantes, e identidade de gênero, retratada em uma sequência tocante. E são assuntos que mesmo variados são encaixadas de maneira homogênea dentre a trama, sem aquela sensação de algo deslocado, pois é através dos relatos desses personagens e do próprio Otto que conhecemos sua esposa.  

A narrativa não linear da forma a trama, e a direção consegue incluir os flashbacks no momento oportuno sem interferência no ritmo narrativo, fazendo isso sempre nos momentos em que Otto tenta por fim a sua vida, transmitindo ao público um mix de sentimentos em que tristeza e comoção se misturam, para logo a seguir culminar em um momento hilário.  

Tom Hanks brilha, seu carisma facilita que ele transite entra as nuances do personagem, criando um vínculo importante para com o público, pois assim torna possível a aceitação do mesmo até em seus momentos ranzinza, em que sabiamente se encontram os momentos mais hilários do longa, claro sua relação com a vizinha e suas filhas também são ótimas e garantia de boas risadas, e algumas lágrimas.  

O longa leva à reflexão, em que mesmo quando o fim parece ser a única saída tudo que precisamos fazer é olhar em volta, olhar e perceber que existem motivos para seguir em frente, e vale muito mais viver e manter viva a memoria da pessoa amada e fazer com que outras pessoa saibam quem ela foi, e o quão importante foram seus atos, seja para com você ou as pessoas ao redor.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: O Pior Vizinho do Mundo

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 5,0

Direção: Marc Forster

Elenco: Tom Hanks, Mariana Treviño, Rachel Keller, Mack Bayda, John Higgins, Peter Lawson Jones, Juanita Jennings

Duração: 2h 6m

Roteiro: David Magee

Fotografia: Matthias Koenigswieser

Trilha sonora: Thomas Newman

Ano: 2022